terça-feira, 4 de agosto de 2020

Meus sonhos devaneantes, minha criancice insistente, meu jeito espontâneo, meu laço de fita preto em meus cabelos negros ou
Meus sonhos devaneantes, minha criancice insistente, meu jeito espontâneo, meu laço de fita preto em meus cabelos negros ou loríssimos, meu vestido de chita, meu estojo de histórias, meu quarto sem móveis, minha escova imunda sobre a cômoda do quarto, minha roupas de segunda mão espalhadas sobre a banqueta, minha falastrice, meu pânico da crueldade da vida e da solidão, minha volúpia ardente e incendiante, meu céu de cetim verde, minha malha a la Kurt Cobain, meus discos riscados, minhas antigas cartas jogadas em um saquinho de presente, meu desânimo, minha desesperança, minha falta de ambição, minha incapacidade de ficar rica, meu desejo de fazer amigos, minha busca por identidade, meu mundo particular, meu banheiro analista, meus amigos ocultos, os vultos cinzas que vejo às vezes, minha vontade de cantar, meu amor exagerado por algumas pessoas, minha bobice imbecil, minha credulidade, meu partido pelos oprimidos, pelos pobres e pelos que gostam que viver na contramão. Meu desprezo pelo conservadorismo, pelo fundamentalismo religioso. Minha irritação pelos caretas, impiedosos, de coração duro, pelos mesquinhos, pelos tacanhos e toscos, pela ignorância, pelo autoritarismo, pela intransigência e pela prepotência.
por Lucy Girard

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