domingo, 4 de março de 2012


INFERNO NO CÉU

Sinto a força do instinto em mim,
Pânico, gosto de morte;
Corrói a carne pouco a pouco.
Fere, machuca, sangra!
Um inferno no céu!


Dor do desejo:arme-se de punhal.
Não tenho pistas de sua mente,
Insana, demente, comum?
Quem vive neste crânio?
Se esconde dentro deste osso duro.
Assassino, morte pelo terror da dor,
Pequena dor, indica o desfecho.
Terror milimétrico...

Numa caverna escura morcegos me sugam.
Numa caverna escura morcegos me sugam.
Numa caverna escura morcegos me sugam.
Morro lívida.

O desconhecido me apavora.
Vadio, estonteante, patético...
Mato você a cada dia.
Voa livremente e suas garras delicadas cravam em mim.
Expulsarei você à machadadas! Vá e esqueça as chaves.
Tiros de pistola...
Morte da dor,
A dor é um presente do veneno da carne,
Vício passional,
Humores devastados,
Mal inventado por patéticos,
Ridículo.

Sei o fim.
Tenho cemitérios dentro de mim,
Encarceramento da dor,
Exemplar do mal humano,
Esquecimento.

Sou rainha do meu reino.
Decretarei solenemente: morram os sentidos!
Morte da dor: arrasta a esplêndida alegria fugaz,
Da porra deste mal que é inferno no céu.

Conheço um ínfimo de sua fragilidade,
Sua possessão do pânico,
Atormentando seus calcanhares,
O verme que come sua carne fresca.

Você não me empresta a ninguém,
Neste reino sou Elizabeth II.
Vejo antes de você, porque já vivi sua existência,
Sou você antes do devir.

 Garra de rapina, sede de poder,
Macho primitivo é nulo, demodé.
Seu lamento me enoja.
Matem todos os machos deste reino equivocado!
Construam-se cemitérios para todos os escrotos antiquados;
Conservadores do pó de vermes,
Despejem seus corpos podres numa vala comum.
Matem a opressão aniquiladora, dona da dor do pânico,
Da mão que nos estrangula, da inveja que destroi lentamente.

Abaixo a ditatura das bengas decadentes, pensam ser donas de toda volúpia.
Deixem estas camas de pregos,
Gritem pelas ruas escancaradamente o seu fim iminente.
Não permitam que seu domínio cale as bocas das mendigas modernas.
CENA DO FILME UNDERGROUND MENTIRAS DE GUERRA - DE EMIR KUSTURICA
 Luciane Bueno - copyright