quarta-feira, 29 de julho de 2020

Vou mergulhar no seu caos
Vou me deixar cair, cair, cair...
Vou me despedaçar em seu abismo
Vou me vestir de seus espinhos
Vou me entregar ao seu desejo
Vou provar de sua divindade
Na epifania do êxtase
Na benção dionisíaca
No Nirvana!
Retomar a origem
Voltar a ser poeira cósmica!
Até nada ser!
Até evaporar!
Purpurinando-me no caos!

Ressuscitando no dia seguinte
Vou me banhar em seu leite
Saciando a luxúria insana
Aceitarei ser consagrada por ti
Ao redor do fogo
Ser transformada na luz da tua criação
Na invenção da Volúpia
Em transe dionisíaco imersa em seu destino
Não arredarei-me de ti
Dançarinos do fogo
Vejo um cisne de luto
E indago:
-O que se fez dele?
-É o corvo, do baobá faz morada!
Respondeu o cisne.
Melancolicamente choro!
Navego no rio do meu próprio pranto
Sigo em caminho desconhecido
A esmo ando pelas areias tórridas do deserto
É da imensidão do cosmos
Assim caminhante perdi-me no tempo
Desmaiada de cansaço
E penso em ti com a descomunal energia de amantes
Num idílico devaneio sinto seus lábios úmidos tocando os meus lábios
Meu maior sonho é real?
Não sei...
Miro longinquamente o baobá azulado
Chego mais perto
Avisto o corvo negro
Ele abre as asas e abriga-me

Por Lucy Girard




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