Vou mergulhar no seu caos Vou me deixar cair, cair, cair... Vou me despedaçar em seu abismo Vou me vestir de seus espinhos Vou me entregar ao seu desejo Vou provar de sua divindade Na epifania do êxtase Na benção dionisíaca No Nirvana! Retomar a origem Voltar a ser poeira cósmica! Até nada ser! Até evaporar! Purpurinando-me no caos!
Ressuscitando no dia seguinte Vou me banhar em seu leite Saciando a luxúria insana Aceitarei ser consagrada por ti Ao redor do fogo Ser transformada na luz da tua criação Na invenção da Volúpia Em transe dionisíaco imersa em seu destino Não arredarei-me de ti Dançarinos do fogo Vejo um cisne de luto E indago: -O que se fez dele? -É o corvo, do baobá faz morada! Respondeu o cisne. Melancolicamente choro! Navego no rio do meu próprio pranto Sigo em caminho desconhecido A esmo ando pelas areias tórridas do deserto É da imensidão do cosmos Assim caminhante perdi-me no tempo Desmaiada de cansaço E penso em ti com a descomunal energia de amantes Num idílico devaneio sinto seus lábios úmidos tocando os meus lábios Meu maior sonho é real? Não sei... Miro longinquamente o baobá azulado Chego mais perto Avisto o corvo negro Ele abre as asas e abriga-me